sábado, 16 de novembro de 2024

APRESENTAÇÃO

 


Ronaldo Luiz Martins


Atualmente a valorização do passado das cidades e de suas múltiplas localidades, é uma característica comum às suas sociedades, que buscam em “instituições de memória", a identificação e preservação de seus bens materiais, das suas histórias documentadas, suas vidas sociais, tradições, culturas e dos registros das chamadas “memórias orais”.   Na Cidade do Rio de Janeiro, entre outras mais destas instituições, em 2010 formou-se, sem identidade jurídica e por adesão voluntária e diletante, o coletivo Instituto Histórico e Geográfico Baixada de Irajá – IHGBI, reunindo pessoas de diversas formações no estudo, pesquisa e divulgação do conhecimento multifário da localidade representada pela região geográfica Baixada de Irajá desta cidade, como especificado em sua denominação.    

O trabalho em apresentação, de autoria de um dos fundadores do IHGBI, Ronaldo Luiz Martins, é a divulgação de grande parte dos conhecimentos obtidos no âmbito de atuação deste coletivo, tendo por objetivo, sem esgotar tudo que se possa ainda relatar, no conceito de “História do Lugar”[1](*), apresentar uma narrativa quanto a formação e evolução histórica da região que no século XVII era identificada como Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá, e é hoje representada por 38 bairros.

Inspirado na forma como o professor e jornalista autodidata Capistrano de Abreu[2], em contraponto a clássica abordagem histórica  de sua época, produziu a obra  Capítulos de História Colonial (1907), parodiado esse título,  Capítulos de História da Baixada de Irajá, desenvolvido em modo não acadêmico, objetiva detalhar os mais de quatrocentos anos da Baixada de Irajá, região que, no século XVII, foi a maior produtora do açúcar que concorreu para o desenvolvimento da Cidade do Rio de Janeiro e, nas décadas de 1930 a 1960, foi o seu maior parque industrial. 

Tendo como meta abordar o desenvolvimento histórico da  Baixada de Irajá dos anos 1500 a 2000, face ao grande volume de descrições decorrentes, a proposição de  Capítulos de História da Baixada de Irajá é sua edição em faciculos abordando a identificação local, este primeiro em edição, os primeiros indígenas ocupantes, a distribuição territorial e ocupação agroindustrial, a produção açucareira, a Freguesia de Irajá, a passagem a economia de sustentação no Ciclo do Ouro, o fim da agroindústria açucareira, evolução no Século XIX, a urbanização e industrialização, crises da primeira metade do Século XX, aspectos culturais, e histórico dos anos 1960 a 2000.

No primeiro fascículo “O Que é Baixada de Irajá”, é apresentado o recorte geográfico da proposição em seus aspectos de limites geográficos e político administrativos quanto a Cidade do Rio de Janeiro, a sua geologia e topografia, sobre os quais embasam e referenciam as descrições nos fascículos seguintes.   As descrições político-administrativas são baseadas em diversos informativos da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Governo do Estado do Rio de Janeiro. As descrições geográficas e topográfica, além de consolidadas em diversos informes de institutos geográficos, teses e monografias, são baseadas em pesquisas do autor por processos e ferramentas de Tecnologia de Informação – TI em geoprocessamento  sobre base de imagens digitais de satélite da plataforma Google Earth, realizadas de 2018 a 2023.[3]  Quanto aos dados desta pesquisa é necessário observar que face a limitações dos recursos de processamento disponíveis a sua execução e a não precisão geodésica das imagens de rastreio, que em atualizações sucessivas se apresentaram em angulares e altitudes diferenciadas em relação  ao plano de visualização, não havendo precisão absoluta, as coordenadas e medidas de extensões e altitudes são de simples referências.

Objetivando a não constante repetição de vocábulos e menor extensão de texto, nas descrições apresentadas são utilizadas as abreviações BI para Baixada de Irajá, mext para metros de extensão e malt para metros de altura.

 

Proxima postagem:  Fasciculo 1 “A BAIXADA DE IRAJÁ”

 



[1] História do Lugar tem por conceito a tese de produção de conhecimentos locais proposta pelo Professor Doutor Joaquim Justino Moura dos Santos (1935-2024), docente da  Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO e participante do IHGBI,  em referência a seu artigo “História do Lugar: um método de ensino e pesquisa para as escolas de nível médio e fundamental” ( História, Ciências, Saúde-Manguinhos - Rio de Janeiro, v. 9, n.1, p. 105-125, 2002). Ver nota em Bibliografia.

[2] João Capistrano Honório de Abreu (Maranguape, 23 de outubro de 1853 — Rio de Janeiro, 13 de agosto de 1927) foi um historiador brasileiro. Autodidata, sendo um dos primeiros grandes historiadores do Brasil, produzindo ainda nos campos da etnografia e da linguística. A sua obra é caracterizada por uma rigorosa investigação das fontes e por uma visão crítica dos fatos históricos, sendo que suas pesquisas fazem contraponto à clássica de Francisco Adolfo de Varnhagen. - https://pt.wikipedia.org/wiki/Capistrano_de_Abreu.

[3] O autor, Ronaldo Luiz Martins, é analista de sistema e em 1980, pela Universidade Gama Filho / Gama Datacentro, acompanhou o trabalho do Prof. Dr. Jorge Xavier da Silva (1935-2021) da UFRJ, pioneiro do Geoprocessamento no Brasil. Posteriormente prestou consultoria de Geoprocessamento a prefeituras clientes de aerofotogrametria da Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul, e de 1990 a 2000, quando se aposentou, teve atuação na comercialização de sistemas de geoprocessamento pela MI Montreal Informática.

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